Em Nice, Lula discursa sobre ‘Amazônia azul’ em agenda encurtada por resfriado

Um homem de cabelos grisalhos e barba, vestido com um terno escuro e gravata clara, está em pé atrás de um púlpito. Ele tem as mãos juntas em um gesto de agradecimento ou saudação. No púlpito, há uma placa com o texto "Conferência des Nations Unies sur l'Océan" e a data "Nairobi, Lundi 5 Juin 2023". Ao fundo, há uma bandeira da ONU com o símbolo do globo terrestre e ramos de oliveira.

Folha de S.Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encurtou a agenda do último dia de sua visita à França, nesta segunda-feira (09), devido a sintomas de um resfriado ou gripe.

De manhã, ele participou da abertura da 3ª Conferência dos Oceanos das Nações Unidas (UNOC3), em Nice. Ele deveria ficar até a sessão plenária, mas saiu mais cedo que o inicialmente programado.

Em seu discurso, na sessão de abertura, o presidente da França, Emmanuel Macron, dirigindo-se diretamente ao “caro Lula”, lembrou a comunhão de objetivos entre a UNOC3 e a COP30, em novembro, em Belém.

Macron fez uma provocação indireta ao bilionário Elon Musk e seu projeto de viagens espaciais. Para o presidente francês, é preciso explorar “nossa última fronteira, os oceanos, em vez de nos precipitarmos para Marte”.

“A Groenlândia não está aí para ser tomada”, disse Macron em outro trecho do discurso, referindo-se ao projeto do presidente dos EUA, Donald Trump, de conquistar a ilha, território dinamarquês.

O presidente brasileiro só começou a discursar às 10h43, quase duas horas depois do anunciado pelo Planalto. Com a voz rouca, pigarreou em alguns momentos.

Lula fez uma brincadeira sobre o nome da cidade anfitriã da conferência. Disse achar que “Nice” era homenagem a uma mulher, mas que aprendeu que na verdade o nome “é resultado de muita luta” — vem de “niké”, “vitória” em grego.

“Temos orgulho de ser uma nação oceânica”, disse Lula, explicando o conceito de “Amazônia azul”. “As duas Amazônias sofrem o impacto das mudanças do clima”.

O presidente da conferência, Rodrigo Chaves, presidente da Costa Rica, mencionou aos presentes que o discurso de Lula não fazia parte originalmente da programação da sessão de abertura, evidenciando que a participação do brasileiro foi antecipada.

Lula encerrou o discurso dizendo que na COP30 é preciso tomar “decisões importantes”: convencer os chefes de Estado a acreditar nas mudanças climáticas, a investir na educação sobre o tema. “Quem defende a Amazônia precisa ir para ver a nossa COP30”, acrescentou, convidando os presentes a ir a Belém em novembro.

Ainda no final da manhã, ele visitaria a sede da Interpol, organização internacional de polícias, em Lyon. Esse evento estava originalmente marcado para o início da tarde. O secretário-geral da entidade é brasileiro, o delegado da Polícia Federal Valdecy Urquiza, e Lula empenhou-se pessoalmente para que fosse eleito para o cargo.

Neste domingo (08), ao participar do Fórum de Economia e Finanças Azuis, em Mônaco, Lula tossiu durante seu discurso e assoou o nariz em alguns momentos. Horas depois, o governo confirmou que ele havia cancelado a participação em um jantar de gala, naquela mesma noite, e anunciou as alterações na agenda de segunda-feira.

Lula, que completa 80 anos em outubro, teve uma agenda carregada na França, onde chegou no dia 4. No dia 5, enfrentou chuva fina e uma temperatura em torno de 15 graus para tirar uma foto com o presidente da França, Emmanuel Macron, e as respectivas primeiras-damas diante da Torre Eiffel iluminada com as cores da bandeira do Brasil.