IstoÉ
A Advocacia-Geral da União (AGU) notificou Ciro Gomes para que ele explicasse as críticas feitas ao governo Lula (PT) sobre a liberação de empréstimos consignados dando o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) de garantia. O ex-governador do Ceará rebateu e chamou o presidente de “covarde”.
Por meio de um vídeo divulgado nas redes sociais, Ciro Gomes reclamou da postura do presidente de usar um órgão estatal para interpelá-lo. “Agora, finalmente o maior dos agentes dos agiotas, o presidente Lula, ele mesmo, faz alto da sua covardia e manipulando o próprio poder da Presidência da República, entra nesse jogo judicial, na tentativa de me calar. Me interpela judicialmente por suposto ataque à sua honra, mas não por calúnia, pois me daria o direito de pedir o que no direito se chama exceção da verdade, que é provar que tudo o que eu falo é a mais pura verdade”, completou.
Interpelação é uma espécie de ação em que se solicita explicação e informações sobre palavras usadas contra uma pessoa física ou jurídica. Além disso, serve como forma preparatória para uma ação de calúnia ou difamação.
Na ação, enviada pela AGU à IstoÉ, o órgão explicou que a atuação se deve ao fato de o ex-governador ter atacado o presidente Lula por ação derivada do cargo.
Para a AGU, Ciro fez “ataques de extrema gravidade”. Por causa disso, solicita que o ex-governador “apresente explicações pertinentes sobre as declarações inverídicas que apresentaram nos vídeos (…) e apresentando as provas que demonstraram detenha a respeito das afirmações que aduziu”.
“Tal conduta ataca não apenas a honra objetiva e subjetiva do querelante [Lula], mas significa uma deslegitimação pública da carga exercida pelo Presidente, sendo evidente a intenção de degradar sua imagem e descredibilizar sua capacidade moral de exercer a carga que ocupa, para que o qual foi legitimamente eleito pela população brasileira”, disse o órgão, em outro trecho da ação.
O vídeo que causou a interpelação foi publicado no dia 15 de março no Instagram de Ciro Gomes. Nele, o ex-governador acusa Lula de comandar “mais um assalto ao povo brasileiro” ao citar os empréstimos com o uso do FGTS como garantia. Para ele, a medida seria “uma das maiores imoralidades”.
“Lula segue na sua história de encher os bolsos dos banqueiros enquanto fragiliza a população brasileira. Ele vai consignar o risco dos empréstimos dos trabalhadores da iniciativa privada no mesmo o em que, desavergonhosamente, deixa frouxo, livre para os bancos cobrarem a taxa de juros que bem entenderem”, disse.
No vídeo divulgado no último sábado, Ciro afirmou que não houve ofensas pessoais nas suas “exposições das políticas de agiotagem do governo. São os fatos e somente os fatos que o ofenderam”.
Por fim, Ciro Gomes voltou a criticar a medida do governo federal. “Todo o povo brasileiro se tornou um imenso banco de dados e ativos a serem negociados com bancos agiotas para roubá-los de todas as formas possíveis a partir dos impostos de juros mais altos do mundo. Dados de aposentadorias, benefícios assistenciais, o Benefício de Prestação Continuada (BPC) até o Bolsa Família, tudo virou ativo para ser explorado pelos bancos agiotas brasileiros”, concluiu.